Como pode o ASTRIIS ajudar a melhorar a busca e salvamento de náufragos no mar?
Numa missão de busca e salvamento é normalmente feito um pedido de ajuda e uma embarcação salva-vidas é enviada de encontro às pessoas em perigo. O Instituto de Socorro a Náufragos (ISN) tem 31 estações salva-vidas ao longo da orla costeira portuguesa e material de salvamento em cerca de 80 corporações de bombeiros. Segundo esta fonte, em 2020, foram acionados meios no mar 985 vezes e salvas 613 vidas. Como melhorar a capacidade de reposta é a questão que se coloca.
© Camille Brodard | unsplash.com
O desenvolvimento de um sistema de busca e salvamento do ASTRIIS decorre desde o início do projeto. O CEiiA e o CoLAB +ATLANTIC uniram esforços para realizar uma pesquisa exaustiva sobre boias e técnicas de salvamento em uso e chegaram à conclusão que seria mais eficiente desenvolver um sistema próprio. Como fruto desta colaboração no âmbito do ASTRIIS e com esse objetivo em mente, foi definido um cenário de demonstração da tecnologia e os seus requisitos.
O veículo de superfície autónomo (ASV) ORCA do CEiiA foi escolhido como base para esta atividade. O ORCA pode atingir velocidades de 9 km/h e autonomia de 24h e opera em regiões costeiras. Foi concebido para se adaptar às necessidades de cada aplicação, incluindo para já um sonar multifeixe, GPS, identificação AIS, luzes de navegação, uma câmara 360º e uma antena Wi-Fi para ser comandado à distância. Para satisfazer os requisitos do ASTRIIS terá de acomodar uma boia com propulsão própria e largá-la num local específico.
© CEiiA
Em termos práticos, uma parte da missão de busca e salvamento terá de ser assegurada pela plataforma ASTRIIS, que recebe o pedido de ajuda, calcula os tempos estimados de operação e de salvamento e retorna um resultado (“GO” ou “NO GO”) consoante haja ou não uma redução do tempo de salvamento em relação ao procedimento habitual. Caso a decisão seja avançar, é lançada a boia de salvamento, que alcançará o náufrago no mar pouco tempo depois do pedido de ajuda ter sido lançado na plataforma. Sendo comandada remotamente e monitorizando os seus níveis de bateria, poderemos em tempo real concluir sobre o sucesso ou não desta parte da missão.
©+ATLANTIC
Quanto ao comando do ASV e da boia, o CEiiA encontra-se a desenvolver um software de controlo remoto (ground station). Este sistema representará uma componente importante para o projeto ASTRIIS, já que utilizará modelos de previsão, podendo estimar a deslocação do náufrago segundo as correntes e consequentemente a sua posição, e calcular os pontos de passagem (waypoints) da boia.
A demonstração do sistema está prevista ter lugar em Matosinhos em junho de 2023. Mantenha-se atento ao site e LinkedIn do ASTRIIS para mais desenvolvimentos sobre esta e outras atividades do projeto em curso.